Nossos Cronistas

23/06/2024

Dentro deste mês de Aniversário, vamos conhecer um pouco mais, sobre os nossos Cronistas Finalistas. Quem são, onde atuam e o que fazem. Todos receberam perguntas idênticas e vamos publicando um a cada dia. Hoje vamos falar com o Fábio Machado.

SC - De onde surgiu a inspiração para escrever a crônica?

Fábio - A inspiração veio de um atleta que atuou na década de 1960 e marcou toda uma geração de torcedores. Cavallazzi até hoje é citado - por quem o viu atuar- como um verdadeiro craque da bola. E não é tão lembrado pelas novas gerações, justamente porque em sua época não havia uma mídia que acompanhasse a sua carreira. Não existe, por exemplo, nenhuma imagem deste atleta atuando.

SC - Qual mensagem você esperava transmitir com sua crônica?

Fábio - De que a qualidade transpassa o tempo e as gerações.

SC - Qual a sua relação com o futebol catarinense?

Fábio - Sou um amante da história do futebol e sou jornalista esportivo com uma coluna diária ( impressa e digital) onde abro uma seção diária denominada "memória".

SC - Você já escrevia crônicas e outros gêneros textuais de forma regular ou decidiu se aventurar no torneio?

Fábio - Como escrevo diariamente a coluna, busco registrar crônicas de momentos marcantes do futebol catarinense.

SC - Porque a escolha do tema para a sua crônica?

Fábio - Paixão pelo futebol e pela minha profissão de jornalista esportivo.

Crõnica: O Monstro Cavalazzi

"Fábio Machado, por que o torcedor do Avaí lembra como ídolos o Zenon, o Adilson Heleno e o Marquinhos Santos entre outros e esquece o craque Cavallazzi? ".

A resposta é difícil, talvez porque na época dele não havia TV transmitindo os jogos do Avaí e porque os times do Rio de Janeiro dividiam as preferências dos torcedores locais. Para o historiador do clube da Ressacada, Spyros Diamantaras, "cada época tem os seus ídolos". Já o historiador Felipe Matos do Memória Avaiana, diz que a ausência de um título estadual ajuda explicar esse "esquecimento". No entanto, basta trocar algumas palavras com jogadores mais antigos, jornalistas e com os torcedores que tiveram o prazer de vê-lo jogar para entender como a bola era bem tratada pelo senhor Milton Cunha Cavallazzi, nascido em Florianópolis no dia 22 de janeiro de 1945. Depois ser reprovado no Figueirense – pela sua baixa estatura – foi brilhar no Avaí vestindo a camisa 10, entre 1963 a 1967 e 1970 a 1971, se tornando o terceiro maior artilheiro da história do Leão da Ilha, com 101 gols marcados em 235 partidas disputadas pelo clube, ainda na época do saudoso Adolfo Konder. O jornalista Paulo Brito relembra que na década de 1960, "o Zé Amorim, presidente e treinador, formou uma dupla de 'italianos" que alegravam os torcedores: Cavallazzi e Morelli". Brito lamenta a ida do craque para o Olímpico de Blumenau em 1968: "O Avaí precisava de dinheiro" e finaliza, afirmando que guarda na memória suas jogadas e lances de habilidades. Ademir Dias, ex-craque do Unidos do Bairro João Paulo, tio e padrinho deste colunista e torcedor do Figueirense garante: "Vi jogar e jogava muito". O ex-ponteiro Renê Suenes, 82 anos e morador de São José, é só elogios para o ex-companheiro dos gramados: "Bom jogador, quando pegava a bola pela diagonal costurava os jogadores adversários". "Lembro de um lance contra o Caxias de Joinville. Peguei a bola e passei por 3 defensores, aí quando apareceu o goleiro Jairo na minha frente com aquele tamanho todo, passei a bola para o Cavallazzi marcar o gol. Só que ao invés de receber o abraço do camisa 10, tomei uma bronca, porque era para eu fazer o gol", diverte-se Renê pela generosidade do amigo. E quem fala sobre a saudade deste tempo é o próprio Cavallazzi: "Era uma época muito boa, pois depois dos jogos meu nome aparecia no jornal e era falado nas rádios da cidade". Marcá-lo não devia ser fácil, mas Cavallazzi cita alguns bons zagueiros que depois tornaram seus amigos: Dr. Juca do Figueirense; Ivo e Antoninho do Marcílio Dias e Pelé da Perdigão. Sobre o gol inesquecível, Cavallazzi relembra um feito contra o Metropol no Sul do estado que tirou o time de Criciúma da briga pelo título, que acabou ficando com a Perdigão de Videira no estadual de 1966. "Eu peguei a bola e mandei um chute de fora da área, a bola foi no ângulo do goleiro Rubão". "Amo o Avaí" repete Cavallazzi que afirma: "Eu tinha vergonha de sair de casa após uma derrota. Sobre a omissão do seu nome na lista de ídolos da nova geração, a resposta do maior artilheiro vivo do Avaí (Saul e Nizeta, os dois primeiros, são falecidos), é primorosa e sábia: "Eu nunca saí da lista de ídolos do clube, os outros é que foram chegando".

Foto: Fábio Machado recebe seu Certificado de Participação no Torneio de Crônicas, das mãos de Marcelo Livramento, um dos filhos de Miguel Livramento, que deu nome ao Torneio, em evento realizado dia 03 de Junho, na festa de 37 anos da SC Clubes.

Foto de Fabiano Rateke


Notícia enviada por: SCPress em 23/06/2024